um
pêndulo balança
uma bola
se desprende dele e gira
solta no ar
cai aos
pés de uma pessoa, que se alegra fazendo vários
malabarismos com a bola
uma
outra pessoa chega perto dela, começam
a brincar, riem,
outros
chegam, vão chegando, um jogo
se arma: é futebol
passes,
gol, xingamentos, gritos, empurrões, queda, competição
a pessoa
se entristece, sai do
jogo, anda só
atrás
dela, uma bola vem vindo e se esfarrapa, vira
linhas desemboladas
essas
linhas, no
momento de solidão da pessoa, entram
em seu ouvido
três
micro momentos se seguem:
um,
algumas linhas entram por um ouvido e saem por outro
outro,
algumas linhas entram por um ouvido e mirabolam na mente
terceiro,
algumas linhas saem da boca da pessoa
essas linhas que saem formam aos poucos outras bolas
essas
bolas, com aspecto de bolhas, aleatoreamente,
ora somem, ora encontram bastões,
grudam-se
a eles e formam novos pêndulos
a mesma
história do começo se repete, só que refletida,
são
duas, três, múltiplas histórias iguais, opostas, sobrepostas
estas se
multiplicam magicamente, ganhando ligeiros contornos ou cores
um pouco distintos a cada reprodução
em uma
delas, não se sabe porquê, o fim se
altera:
as
linhas que saem da boca da pessoa não formam bolas,
formam
apenas formas, coisas não uniformes, feito gente,
feito bolas rompidas, onde rupturas se deixam ver
nessas rupturas, vemos que uma dessas quase bolas é uma pessoa-espiral
agora
ela baila solta